segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Carta ao meu Eu.

Hoje me sinto perdido como um navegador sem mapas e sem estrelas. Procuro dentro de mim a fé que tinha aos quatorze anos e não vejo nada. Fechei meus sonhos por medo de realizá-los, e me sito só por ter fechado assim, sem data de abertura.
Queria arrancar do peito essa vontade estranha de gritar e essa dor profunda por não fazê-lo. Sinto-me incoerente nas palavras por fora e por dentro, sem saber se o medo do novo ou do velho que me paralisa. Te digo belas frases, algumas de impacto, que te servem de sobremesa para um futuro de deleite e motivação, mas não sei onde guardei as minhas.
Sinto-me perdido, e ao me sentir assim me repreendo, pois sei que não tenho motivos, mas também não entendo. Explico-me a mim mesmo, com falsas impressões, com pretensas soluções vazias que duram menos de uma hora na minha mente. Um devaneio quase constante, dia após dia, sem rumo ou direção correta. Como se minha construção do presente fosse um amontoado de tentativas sem mérito ou sem desmérito, prezo na inércia que eu mesmo construí, e nem sei como.
Escrevo para poder ler depois, e ver se daqui a meia hora estarei assim ainda, ou quem sabe eu já tenha a resposta que busco, para a pergunta que faço a todo instante: E agora?
Jogar a toalha, correr, fugir.... não sei nem como começar, e sei como começar, mas estou parado.
Isso é falta de laço! Levanta e vai fazer pela vida! Mas daí vem a pergunta, fazer o que mesmo?
Não to cansado, nem nada disso, não estou louco (ao menos eu penso que não), acho que chegou aquele momento de pôr tudo pra fora, para depois limpar a bagunça, arrumar os armários, colocando tudo em ordem, até que eu desmorone de novo.
Viva! Encontrei a resposta! Quem dera fosse simples assim... mas é, só falta eu descobrir o quê!
Preso no medo de ser quem sou descobri que não sei quem sou por ter tido medo de ser eu mesmo. Pronto! Agora posso por a culpa na sociedade, nos meus parentes, nos meus amigos, nas convenções sociais, esbravejar, gritar, por tudo a perder de novo, fica mais fácil não descobrir as respostas mas achar culpados. Sinto como se tivessem três portas a minha frente, todas ótimas, mas não consigo escolher nenhuma delas, por que não sei o que tem ali atrás, e o pior de tudo, não sei o que carrego nas mãos. Ainda tenho uns 17 dias desse ano, acho que é hora de fazer um balanço, pegar o saldo nas mãos e escolher uma porta. Talvez, talvez, talvez... volto em meia hora ou menos para testemunhar o que escrevi, num arrombo de sentimentos, e dependendo do estrago que tamanha sinceridade faça ao meu eu consiente, talvez eu não volte mais a ler o que escrevi, ou talvez desenhe o mapa que me mostre o caminho.

Nenhum comentário: